sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Mimos e afins ❤️

Revolta!
Bem... Talvez "revolta" seja um termo exagerado para o que sinto.
Indignação!
Sim, "indignação" parece-me apropriado. Em relação a quê? Só um bocadinho que eu já explico!
As redes sociais são fantásticas mas parecem, por vezes, um saco de pancada!
Toda a gente opina (oh pra mim a opinar), destila, carrega e descarrega.
Ora, por estes dias tenho lido artigos de opinião partilhados no Facebook (corroborados por muitos) relativos ao mimo e de como estraga as crianças.
Li algures que "crianças mimadas são um verdadeiro problema e perigo para todos" equiparando a criança a uma espécie de terrorista doméstico, requerente de uma espécie de equipa especializada em "minas e armadilhas" nas sua educação.
Já vi um "Guia absoluto para educar uma criança mimada", um "Reeducar uma criança mimada em 23 passos" (23, ok? nem mais nem menos) e dicas para "Evitar de que o seu filho se torne uma criança mimada". Das afirmações mais preocupantes que terei lido será talvez a de que "Crianças mimadas serão adultos infelizes".
Bem… como o meu conceito de "mimo" não encaixa nas preocupantes afirmações e profecias que atrás refiro, procurei saber qual a definição proposta pelo dicionário e encontrei o seguinte: Mimo: Condescendência carinhosa com que se trata a outrem; Gesto carinhoso; Objeto, geralmente pequeno e delicado, que se oferece; Grande qualidade; Coisa bonita ou harmoniosa ("mimo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).
Onde está o "terrorismo doméstico" nesta definição?
Todos os dias nos dão notícias de cenas de violência de diversa ordem, estamos despertos para temas que antes eram escondidos e somos incitados a "meter a colher" entre marido e mulher.
Portanto, condenamos a violência mas também distorcemos o conceito de mimo que, na verdade, lhe é antónimo. Lá diz Antoine de Saint-Exupéry em "O Principezinho" que as crianças têm de ter muita paciência com os adultos! E agora digo eu que os adultos têm a mania que sabem tudo mas, na verdade, têm muito a aprender com os petizes!
A formação de uma pessoa começa no berço, das primeiras sensações.
Para quem recebe carinho, dar carinho é natural. Quem é mimado, tende a mimar.
Indigna-me pois (eu disse que iria explicar) que se atribua a ausência de caráter, o não saber estar e, até, a tendência para a violência ao excesso de mimo!
Não atribuamos ao mimo a nossa incapacidade de dizer "não" e de estabelecer limites a uma criança! Os crescidos acham-se muito espertos, não é? Pois, mas não são! Os miúdos são criaturinhas atentas e conhecem-nos cada ponto fraco! Acabados de nascer já sabem que um gemido mais insistente desemboca num colo fofinho! Depois, vão adaptando a causa/efeito a cada fase da vida e nós vamos caindo na teia, muitas vezes com plena consciência de que estamos a cair e outras em que já nem damos por isso! Interioriza-se o simples em detrimento do certo! Os "nãos" e a criação de limites têm o efeito imediato de uma birra ou um amuo mas a valência preciosa da formação de caráter!
Uma criança que esperneia, exige, bate a toda a gente, etc, não deve ser apelidada de mimada! Pode ser carente, mal educada, querer chamar a atenção mas não tem excesso de mimo!
O mimo nunca é demais! É reflexo de amor e, por isso, só pode ser uma coisa boa!
A nós pais, cabe criar pontos de encontro, ser firmes nas decisões mesmo perante uma birra descomunal, ajudar no caminhos, amparar as quedas, procurar soluções e, principalmente, elogiar cada pequeno passo!
Se o tempo é escasso, criemos tempo de qualidade! Desliguem-se as televisões à refeição, deixem-se os telemóveis e os tablets de parte e aproveite-se esse tempo para conversar! Criem-se hábitos de relação! Que as famílias se mimem muito para que as crianças cresçam em ambientes sorridentes!
Entre outros defeitos (ou feitios) podem apontar-me dois pontos terríveis para a formação de uma pessoa: Sou filha única e sempre fui muito mimada! Mau, não é? ;)
Lá em casa, com os meus pais, também tínhamos dias chatos e de cara feia, mas o beijinho e a oração de boa noite nunca faltava e de manhã os monstros já eram mais pequenos e menos assustadores!
Toda a vida conheci claramente os limites e as consequências de os desrespeitar! A certeza de que me ia valer um ralhete ou uma decisiva palmada no rabo, não me impedia de experimentar uma birra valente ou uma resposta mal dada. Testava, provocava, mesmo sabendo que iria terminar a "enfiar a viola no saco" e a dar mais um passinho na aprendizagem! Agora? Agora é igual! A verdade é essa: é igual! A vida pode ter a roupagem que vem com a idade mas a essência é a mesma.
Em conclusão, repito: O mimo nunca é demais! É reflexo de amor e, por isso, só pode ser uma coisa boa! Sou assumidamente mimada e gosto muito de mimar e não me tenho saído mal com isso :)

E agora vá, deixa lá de ler isto e vai mimar alguém! Toca a andar!



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