sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Desconforto

É curioso o que pode acontecer na nossa vida se decidirmos ousar!
Ousar, sim! A ousadia que habita no sonho e na vontade de o concretizar!
Tendemos a considerar mais cómodo continuar instalados na nossa vidinha de sempre.
Se temos um porto seguro, qual a razão para querer sair dele?
Mas...ficando seguros no porto, não correremos o risco de deixar de vivenciar o que nos pode enriquecer, por desconhecer novas rotas e ignorar vagas impulsionadoras?
Há que sair do conforto do sofá e da companhia da TV que mora mesmo em frente a ele e inquietar, aceitar desafios! Arriscar!
Há uns anos ousei concorrer a um passatempo e ganhei bilhetes para um festival de música. Fiquei feliz, feliz!
Só não sabia que esse seria só o princípio.
O ambiente, o som, a luz, as pessoas, tudo aquilo despertou em mim algo de compulsivo! Queria sair, beber arte, saborear emoções!
Ainda assim, estar apenas sentada a assistir começou a ser pouco!

Nem sempre é fácil conseguir saltar sem saber se o terreno que pisarei é fofo e agradável mas isso não me impede de ir!
O desconforto começou a atrair-me e o sofá passou a ser cada vez menos utilizado.
Os limites chegam pelo tamanho da carteira e pelas horas do dia, que continuam a ser 24 e conciliar os diversos pontos que incuti aos meus dias pode ser um verdadeiro desafio!
O tempo é limitado não pelo relógio mas pelas prioridades!
Nas minhas prioridades “estar quieta” está muito perto do último lugar!
Estar com a família, orar, dançar, cantar, conhecer gente, locais, culturas e formas de estar, de pensar e viver…
Conhecer novas rotas, entrentar vagas impulsionadoras…

Desculpa sofá mas terás de continuar no fim da fila por mais algum tempo!

Assim Deus me ajude!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Os prémios

Os prémios (as medalhas, os troféus, as menções, as taças) representam uma recompensa por um trabalho de qualidade, provado no terreno e avaliado por outrem.
Essa recompensa é entregue a quem dá a cara mas é quase sempre resultado de um trabalho de equipa, um trabalho ao nível da técnica, da gestão de emoções, de formação de caráter.
No passado fim-de-semana, tive o privilégio de ver os meus dois filhos receber um prémio!
O grupo de dança Sibilas, do qual faz parte a Inês recebeu uma Menção Honrosa e o Pedro sagrou-se Campeão Regional de duplo-mini trampolim.
É obvio que os prémios me envaidecem, me orgulham!
No entanto, o que mais me envaidece e orgulha é o caminho que os meus filhos vêm percorrendo!
A Inês começou pequenina a dançar.
Passou depois para a ginástica rítmica. Além de alguma técnica, aprendeu a conhecer o corpo, a testar os limites físicos e, principalmente, psicológicos.
O sorriso da performance escondia quase sempre muitas lágrimas, receios, frustrações, expectativas. Sorria… mas por dentro não havia sorrisos!
Urgia voltar a sorrir por dentro!
Mudou de rumo! A rítmica deu lugar ao ritmo e a dança voltou… 
Com a dança, voltou o sorriso!
E o sorriso trouxe a vontade de ser mais, fazer melhor, ir além!
É perfeito dentro de uma perfeição real que implica trabalho, empenho, força!
Uma perfeição que se constrói a cada jeté ou pirueta, a cada plié ou relevé, composta por ilusões, dificuldades e conquistas.
O Pedro também começou de pequeno. Tanto gostava de andar aos saltos que foi parar aos trampolins!
Foi evoluindo na modalidade mas um dia chegou a um beco. Um muro alto que nem o impulso da tela parecia ajudar a transpor. 
A ideia de mudar de rumo foi ganhando forma, agigantando uma ideia de afastamento. Desistir não podia ser solução e insistir iria fazer com que embatesse irremediavelmente no alto muro!
Foi então que de tomou uma decisão! Mudaram-se as telas, ganharam-se novos impulsos, transpôs-se o muro e saiu-se do beco. Surgiram novos desafios, novos horizontes.
Vão sempre surgindo obstaculos, é normal, mas neste momento está muito para lá do muro em que tinha embatido.
Quanto a mim, os prémios vêm lembrar de desistir não é solução e que é importante ir ajustando o caminho que queremos seguir, com a consciência de que não há caminhos fáceis!
 
O importante é continuar a dar o salto, seja em jeté, em tela ou nuns atabalhoados pés juntos!
 
Saltar! Transpor o muro e sair do beco!
Mais à frente virão novos muros e novos becos que obrigarão a repetir todo o processo, redefinir toda a estratégia! Não tomar nada como certo e imutável.
Não deve haver vergonha ou constrangimento por ter de se parar ou até mesmo recuar. Quantas vezes não é aí que se ganha balanço para se continuar com força redobrada?
Não adormecer à sombra de um prémio e continuar sempre a querer evoluir, como executante mas principalmente como pessoa!
 
Parabéns pelos prémios mas principalmente pelo caminho!