segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Cada curva é um pedaço de encontro


Até chegar ao inevitável "?", pode começar-se por "porquê" ou por "qual o sentido". Pelo meio poderá haver referência a Pampilhosa, a Aldeias, a amor, a bom vicio... nomes ou adjetivos vários que poderão querer traduzir um sentimento ou vivencia.
Chamar-me-ão louca, despropositada e desproporcionada.
Terão razão!
Não consigo explicar o sentimento que me impele a percorrer centenas de Kms para poder lá estar apenas umas horas…
Um composto físico-químico de contornos magnéticos que atrai, que nunca esquece!
Os cheiros, as paisagens;
Os abraços e os sorrisos;
Os montes cuidadosa e sequencialmente dispostos até à linha do horizonte;
Os cursos de águas dando vida por onde passam;
A pronuncia e os termos caraterísticos;
Os carreiros que serpenteiam as serras;
Os sabores da simplicidade artesanal;
As memórias do passado e a bênção de pertencer a tal casta…
Sentir que ser “da terra” me corre nas veias e não depende do local onde nasci!
Ser serrana de coração! Serrana como os meus pais, os meus avós, como os meus filhos sentem ser!
Louca, despropositada e desproporcionada?
Sim, admito que possa ser! Que Deus me permita continuar a sê-lo!
Traduzindo esta vivência vivendo-a!
Explicando este sentimento sentindo-o!
Não, a minha terra não está perdida na serra!
A minha terra encontra-se na serra!
Cada curva é um pedaço de encontro com uma realidade que me honra e com a qual aprendo todos os dias!
A minha gente encontra-se na serra!
Tantas vidas que me servem de exemplo pelo inconformismo e a paixão com que lutam, mostrando ao mundo a sua força, o seu valor!
“Porquê" ; "qual o sentido"… Louca, despropositada e desproporcionada?
Sim… ou então apenas uma serrana orgulhosamente despenteada!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Vinte?

Como podem passar tão depressa vinte longos anos?
Como posso estar há vinte anos sem ti estando tu sempre comigo?
Porque me confortas e sorris mesmo sabendo que os olhos não voltarão a abrir-se?
Como consegues continuar a dar-me lições de vida apresar do teu corpo sem vida?
Porque sinto esta presença constante de uma saudade imensa?
Como podem vinte anos ter mantido tudo tão atual?
Porque tenho de me conformar com o inconformável?
Porque continuo à espera, mesmo sabendo que não voltas?
Se nada fez nem faz sentido, porque continuo a querer respostas?
Se sei que não vou ter respostas, porque insisto nas perguntas?
Haverá algo nestes vinte anos, noutros vinte passados e nos vinte que hão-de vir que não seja questionável?
O amor!
O nosso amor nunca foi nem será questionado!
Porque é imenso e infinito!
Porque é passado, presente e futuro!
Porque o amor és tu!



Mãe...
22.02.1941 - 18.12.1994